sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O MUNDO DA PALAVRA HUMANA

O MUNDO DA PALAVRA HUMANA






Deus falou na Sagrada Escritura por meio de homens e de maneira humana
Hebreus 1:1

HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho...
A história da Bíblia é a história da comunicação de Deus com os homens usando a linguagem dos homens para se comunicar com o homem, de forma inteligível e compreensível.

O A.T. e N.T. conta-nos o desenrolar histórico desta comunicação quando vemos:
1. Relato da criação, Gn.1;
2. Quando chama Abraão, Gn.12;
3. E Moisés, Ex.3;
4. Cumpre a possessão da terra pelos israelitas, Js.1.1,21, 43-45;
5. Encarna-se tomando forma de homem em Jesus de Nazaré, Jo.1.1-14;
6. Quando vemos a expansão da Igreja anunciando o evangelho, At.6.7; 12.24; 19,20;
7. Quando determina o fim e o início do novo mundo, Ap.19.11-16; 21...
Mas em todas essas ocorrências nós vemos Deus usando homens escolhidos para transmitir a sua bendita vontade a outros homens.
Israel experimentou ouvir a voz de Deus do meio do fogo Dt.4.32-36, e isso lhe causou estupor e temor, mas Deus não se ateve a falar somente de forma transcendente ele se fez presente entre os homens falando com os homens e como homem falou, esse evento histórico se deu na encarnação de Cristo Jesus que se tabernaculou entre nós e nos falou a sua bendita Palavra, Jo.1.1, 14; 1°Jo.1.1-4.

Tudo nos mostra a imensa benevolência de Deus em querer falar com o ser humano Tg.3.4.

A fala é dentre todas as capacidades e faculdades que o homem possui o que faz dele ser esse ser singular dentro do mundo, pois, é, por meio da linguagem que ele tem acesso ao mundo humano, sem ela ele não poderia usar o predicativo é onde há a construção da realidade do homem.

Sendo assim nossa Introdução Bíblica começará analisando esse fenômeno da linguagem humana onde se assenta a linguagem Divina para podermos entender e compreender o porquê que Deus usou a linguagem humana para se comunicar com os homens.

I – AS FUNÇÕES DA PALAVRA HUMANA

Falar é chamar algo a existência, a realidade criada só passa ter sentido real para o homem quando ele nomeia, ou seja, quando ele da nome as coisas, vejamos isso de forma prática em Gn.2.19-20:

Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxeram a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.

E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
Note o verso 19 diz que tudo já estava criado, mas de certa forma ainda não era real para Adão, só passou a ter realidade plena quando Adão penetrou o ser de cada animal dando nome a cada um, portanto quando falamos trazemos algo novo a existência real para o nosso mundo que é construído de coisas reais.

Assim como tudo na vida tem a sua estrutura e sua funcionalidade a palavra humana também não foge essa regra, vejamos quais são as funções da palavra humana, pois, é, a partir desta compreensão que nós compreenderemos o porquê Deus em sua benevolência se comunicou com o homem usando a palavra humana.

1. A palavra humana produz informação, por meio dele que cada saber criado pelo homem informa seus conceito e idéias, sem isso nós estaríamos perdidos no meio de um monte de coisas que para nós seria desconexa se não tivéssemos informações precisas sobre cada saber, por exemplo, o que seria para nós a Revelação Bíblica sem informações precisas para nós.

2. A palavra humana é expressão, na verdade quando o homem fala ele revela parte de seu ser, pois ele põem em movimento o seu ser interior trazendo a tona seus desejos, sentimentos, pensamentos e vontades, não da para informar sem se exprimir, ou seja, esse auto revelar-se para o outro, por exemplo, quanto expressão um grito (revelar muitas coisas).

3. A palavra humana é apelo, o homem quando fala sempre esta em busca do outro para construir relações com aqueles que lhe dão ouvidos ao seu apelo por comunicação, vejamos o caso de Adão quando nomeia os animais ele não fala com os animais, pois, ele não os chama para estar junto com, pois ainda não existia outro tu que Adão pudesse se comunicar e dar ouvidos aos seus apelos por relacionamentos e responde-los Gn.2.18.

Portanto a palavra humana tem um poder criativo de estabelecer e criar relações entre eu e outro eu, ou seja, uma relação eu-tu.

A palavra dá a cada um a revelação de si na relação recíproca com o outro. O homem se faz “eu” no diálogo com um “tu”: “Na reciprocidade do falar e do escutar atualizam-se em
mim possibilidades adormecidas: toda palavra, proferida ou ouvida, tem a possibilidade de um despertar, talvez a descoberta de um valor a cujo apelo eu não era sensível”.

Na reciprocidade do “eu” e do “tu”, a palavra tende a criar a unidade do nós, aquela autêntica comunidade, bem diferente da coletividade de massa que não é união, mas amontoado .

É por meio da linguagem que o homem constrói suas amizades que perdurará por toda a sua existência, e é assim que Deus se revela, trazendo a sua palavra amiga a cada um de nós construindo com cada um de nós relacionamento real possibilitado pelo uso que ele mesmo faz da palavra humana.

Vejamos alguns testemunhos sobre essa busca de Deus para fazer do homem seu amigo:

Êx.2:11 E aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos, e atentou para as suas cargas; e viu que um egípcio feria a um hebreu, homem de seus irmãos.

Êx.3:2 E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.
O não consumir da sarça é símbolo da vida de Moisés.

Êx. 33:11
E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo...

Êx.33:18 – 23

Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória.
Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer.

E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.

Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha.

E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.
Jo.1.1

NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Jo.1.14

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
Jo. 15.14 -15

Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
Jo.15.15

Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

Diante destes textos nós vemos que Deus em sua benevolência estabeleceu com o homem um diálogo amigável, diálogo esse que produz vida a cada dia para cada um de nós quando nos dispomos a dialogarmos com Ele pela sua bendita Palavra.

Portanto, Deus quando fala Ele:

1. Produz informação, e quando isso acontece o homem passa a ter um auto-conhecimento de si mesmo, pois nossa vida ganha sentido a partir das Palavras Reveladoras de Deus Dt.8.3;

E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem.

2. Produz expressão de si mesmo, pois, quando Ele fala exprime-se a si mesmo se auto-revelando ao homem fazendo um convite de comunhão e vida com seus filhos, e essa fala, não é uma fala de longe, mas ele chega perto de nós, decide morar conosco firma seu tabernáculo conosco só para falar conosco, sua fala encarna-se para que possamos vivencia toda a realidade da sua auto-expressão aos homens, Hb.1.1-2; Jo.1.14;
Hb.1.1-2

HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,

A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
Jo.1.14

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

3. Produz apelo, pois, Deus quando fala apela às consciências que o recebam como caminho para a vida eterna e para que possam gozar da comunhão plena com Ele aqui e agora.
Jo. 17.3

E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

Portanto a Revelação de Deus para a humanidade impressa na sua Palavra tem como:
1. Objeto, a vida eterna, pois, todos que são tocados pela Palavra é introduzidos dentro de si a vida eterna, pois, o fim do conhecimento da Palavra é a vida Eterna;
I Pe.1.23

Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.
2. O modo revelacional, a manifestação de Deus em Jesus Cristo em que Deus se mostra a humanidade de forma plena onde todos nós podemos não somente ouvir, mas tocar e vê-lo em nosso meio de que essa realidade está presente entre nós;
3. Transmissão, essa foi de forma histórica e dinâmica ao longo do desenvolvimento do Texto Sagrado.


II – CONHECENDO A MATÉRIA

II.1 - INTRODUÇÃO BÍBLICA OU BIBLIOLOGIA

O nosso assunto é o estudo introdutório e auxiliar das Sagradas Escrituras, para sua
melhor compreensão por parte do leitor. É também chamado Isagoge nos cursos superiores
de teologia. Este estudo auxilia grandemente a compreensão dos fatos da Bíblia.

Um ponto saliente nele é a história da Bíblia mostrando como chegou ela até nós. A necessidade desse
estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a nós por canais humanos, tornando-se,
assim, divino-humana, como também o é a Palavra Viva - Cristo -, que se tornou também
divino-humano (Jo 1.1; Ap 19.13).

II.2 - O ÂMBITO DESTE ASSUNTO

A Bibliologia estuda a Bíblia sob os seguintes pontos de vista:

1. Observações gerais sobre sua leitura e estudo.

2. Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros, capítulos, versículos, particularidades e tema central.

3. A Bíblia considerada como o Livro Divino, isto é, como a Palavra escrita de
Deus.

4. O Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós.

5. A preservação e tradução do texto da Bíblia. Isto aborda as línguas originais e os manuscritos bíblicos.

6. Inclui ainda elementos de história geral da Bíblia, inclusive o Período Interbíblico ou Intertestamentário, e de auxílios externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica, usos e costumes antigos orientais, sistemas de medidas, pesos e moedas; cronologia bíblica geral, história das nações antigas contemporâneas; estudos das personagens e dos livros da Bíblia, e das dificuldades bíblicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário